Com a tenda na mota, arrancámos em direcção ao deserto mais perto de casa. Entrámos na Andaluzia em Olivenza, debaixo de sol, com os corpos suados e um sorriso na cara. Almoçámos em Zafra, e na primeira noite acampámos perto de Córdoba, onde parámos na manhã seguinte. Seguimos para Granada, onde “cheirámos” o Alhambra para de seguida subirmos à Sierra Nevada, onde almoçámos debaixo de uma temperatura muito menos elevada. A altitude fazia-se sentir. Daí até Almeria, atravessámos uma cordilheira por uma estrada com dezenas de curvas, onde nos cruzámos com, praticamente ninguém! Depois… bem, depois foram quilómetros de auto-pista até Almeria, onde já chegámos de noite.
O camping de Cabo de Gata tem um piso de gravilha nas parcelas onde se montam as tendas, o que tem um lado bom e um lado mau: o bom é que não há poeira e as tendas não ficam tão sujas, o mau é que as rodas das motos se enterram ao primeiro contacto com a gravilha, obrigando-nos a um equilibrismo “tipo circo” para chegar às tendas.
O dia seguinte foi passado no deserto de Tabernas, subimos a 1700m de altitude e passámos num leito de um rio seco, que fez lembrar os oueds de Marrocos. Ao observar esta paisagem, penso que poderia perfeitamente estar em África. Somente o Mediterrâneo nos separa do continente negro. Talvez em tempos essa separação não existisse.
No dia em que saímos de Cabo de Gata, fizemos a costa até Marbella. Estrada fantástica com vistas ainda melhores. Almoço à beira mar: peixe grelhado e um vinho rosato bem fresquinho, deliciaram-nos antes de entrarmos em Puerto Banús.
A estrada que liga Marbella a Sevilha, atravessa uma cordilheira montanhosa e é a estrada ideal para andar de moto. Foram cerca de 150 km de estrada de montanha, com um piso excelente e novamente, vistas deslumbrantes até Ronda, onde pernoitámos num camping que mais parecia um “resort”: excelente! Jantar de tapas e canhas em Ronda, num final de dia ventoso, que deu um toque de aventura na hora de regressar às tendas.
De manhã, depois da inevitável hora que demora a desmontar e arrumar tudo nas motos, rumámos a Sevilha já com aquela estranha sensação de final de viagem. O regresso fez-se apenas com uma paragem em Aracena para almoçar um excelente “solomilho de cerdo”.
No final de cada viagem, ficamos sempre com um sentimento de vazio, de fim… a única coisa que pode sempre compensar e preencher esse vazio, é começarmos a pensar na próxima.